Amália Rodrigues - Estranha forma de vida (1965)
Faz hoje 10 anos que morreu a grande Senhora Amália Rodrigues.
Alguns poemas que ela escreveu:
Depois Disto...Desisto
Tantas coisas que já li
Outras tantas que vivi
Fazem de mim o que sou
Ai se eu tivesse esquecido
Tudo o que tenho vivido
E o coração decorou
Tudo é questão de memória
É o nosso pensamento
Que a vida nos vai passando
A memória faz história
Do que foi cada momento
Que nós vamos recordando
Isto da alma é segredo
Ninguém sabe desvendar
Os porquês de tudo isto
Sabemos que tarde ou cedo
Iremos a enterrar
E depois disto...desisto
Amália Rodrigues
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Eu Vivo a Vida Perdida
Viver é estar-se perdido
Não sei se o terei ouvido
Se o li ou inventei
Desta ou daquela maneira
Não sou menos verdadeira
Nesta verdade que achei
Eu vivo a vida perdida
Sem esperança de me encontrar
Eu vivo e vai-se-me a vida
A tentar compreender
Sem conseguir entender
Porque me sinto perdida
Porque me sinto viver
Cantai-me o último fado
Peço flores dai-me flores
Que eu já vou a enterrar
Já me mataram as dores
Do sol que eu tinha no olhar
Ficou-me a noite tão escura
Talvez fosse de chorar
Amália Rodigues
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Estranha Forma de Vida
Foi por vontade de Deus
Que eu vivo nesta ansiedade
Que todos os ais são meus
Que é toda minha a saudade
Foi por vontade de Deus
Estranha Forma de Vida
Que estranha forma de vida
Tem este meu coração
Vive de vida perdida
Quem lhe daria o condão
Que estranha forma de vida
Estranha Forma de Vida
Coração independente
Coração que não comando
Vives perdido entre a gente
Teimosamente sangrando
Coração independente
Estranha Forma de Vida
Eu não te acompanho mais
Pára deixa de bater
Se não sabes onde vais
Porque teimas em correr
Eu não te acompanho mais
Estranha Forma de Vida
Amália Rodigues
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Teus Olhos São Duas Fontes
Teus olhos são duas fontes
Que eu queria ver chorar
Agua a correr pelos montes
Que chegasse ate ao mar
Teus olhos são meus pecados
Teus olhos pecados são
Que eu mesmo d'olhos fechados
Sei aonde teus olhos estão
Teus olhos são andorinhas
Que aparecem com o calor
Meu amor vê se adivinhas
O que já sabes de cor
Teus olhos duas asinhas
Que tu bates de mansinho
Teus olhos são andorinhas
Que perderam o caminho
Amália Rodrigues
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